Malformação arteriovenosa (MAV) é um distúrbio congênito dos vasos sanguíneos, causando passagem anormal de sangue entre artéria e veia, ainda com causa desconhecida e com importante variação em relação ao seu tamanho, podendo ser desde as muito volumosas envolvendo muitos vasos sanguíneos, até as lesões tão pequenas que dificultam sua identificação nos exames.
Elas podem ser divididas basicamente em 3 grupos que facilitam a estratégica terapêutica: Hemangiomas, malformações arteriovenosas e as fistulas arteriovenosas.
Hemangiomas
Os hemangiomas são tumores benignos de capilares e vasos sanguíneos, sendo os mais comuns na infância. São subdivididos em planos, tumorais (fragiformes e tuberosos) e cavernosos.
Os hemangiomas planos são congênitos, com aspecto de manchas cor de vinho na pele e na mucosa. Comprometem extensão variada da superfície corpórea. Não regridem espontaneamente e podem aumentar de tamanho com a idade e provocar sangramentos, ferimentos ou deformações, sendo assim então indicado tratamento. Atualmente o melhor tratamento é o laser (Dye Laser).
Os Hemangiomas tumorais apresentam-se geralmente logo após o nascimento, promovendo rápido crescimento (atinge principalmente face, couro cabeludo, pavilhão auricular, nariz). Este subtipo geralmente sofre involução natural lenta, a partir do segundo ano de vida, com resolução entre os 7 e os 10 anos, sendo as sequelas cicatriciais e residuais frequentes. devem ser tratados e apenas as pequenas lesões podem ser observadas. As possibilidades de tratamento são: cirurgia, medicamentos e laser.
Os hemangiomas cavernosos são tumores formados por ectasias vasculares, localizam-se mais profundamente na pele e mucosas, mas também podem comprometer estruturas mais profundas como subcutâneo, músculos, ossos, etc.
Os hemangiomas cavernosos nunca regridem e devem ser tratados. Nestes pacientes pode ser realizada a embolização, geralmente por punção direta do tumor e injeção de substancias que promoverão sua destruição. Geralmente este procedimento é realizado em varias sessões para evitar com isso o risco de necrose de pele, principalmente em tumores mais superficiais. Nos casos em que temos componente arterial associado, é realizada primeiramente embolização deste componente com microesferas e apos então realizada a embolização do componente venoso, obtendo assim uma melhor resposta terapêutica.
Malformações Arteriovenosas
Esta forma de malformação é caracterizada por um enovelado vascular, onde varias artérias promovem a nutrição deste tumor vascular e varias veias promovem sua drenagem, fazendo com que apresente geralmente volumes importantes e alto fluxo sanguíneo. Pode ser encontrado em varias áreas do corpo, sendo geralmente profundos (musculares, cerebrais e no interior de outros órgãos). Muitas vezes são assintomáticos quando em regiões profundas, porem quando no cérebro podem promover pequenas rupturas e sangramentos, podendo estes ate serem fatais.
O tratamento cirúrgico destes tumores é um procedimento muito difícil e com riscos, por se tratar de um tumor de vasos sanguíneos (risco de sangramento) e na grande maioria das vezes não se consegue retirar totalmente a lesão e apos isso ela costuma crescer mais ainda e tornar-se sintomática. Por isso atualmente tem se optado pela embolização, procedimento este geralmente realizado com anestesia local, onde é realizada a cateterização superseletiva dos vasos sanguíneos nutridores deste tumor e injetado no seu interior (nidus) substancias embolizantes (cola, ônix, ...) que promoverão a oclusão deste vasos e posterior regressão da lesão. Deve aqui ficar claro que o procedimento de embolização não cura a lesão (assim como a cirurgia), porem consegue reduzir na grande maioria o tamanho da mesma e mantê-la controlada. São necessárias as vezes algumas sessões para realizar a acompleta embolização da lesão.
Apos a embolização com sucesso, o paciente segue em acompanhamento permanente desta lesão e caso possa futuramente apresentar novo crescimento da lesão novas embolizações podem ser necessárias para controlar este crescimento.
Fístula Arteriovenosa
As fistulas arteriovenosas (FAV) são comunicações entre uma artéria e uma veia, podendo ser encontrada em qualquer parte do corpo. Estas comunicações podem ser congênitas ou adquiridas (traumas penetrantes como ferimentos de arma de fogo e arma branca). Algumas vezes estas FAVs são assintomáticas, porem quando apresentam alto fluxo podem promover crescimento anormal da área do corpo onde se localizam ou isquemia da área mais distal (ex. FAV em braço promovendo dor e falta de circulação sanguínea na mão por desvio de sangue na região da fistula).
O tratamento pode ser cirúrgico ou endovascular. O tratamento cirúrgico é realizado através de incisão (corte) da região acometida e identificação da fistula, seguida de desconexão da mesma e reconstrução da artéria e da veia. Muitas vezes estas fistulas se encontram em planos profundos e próximas à estruturas importantes, onde sua dissecção pode causar alguma lesão grave.
Já o tratamento endovascular é realizado geralmente com anestesia local e um “pequeno furinho” na virilha, onde é realizada a cateterização da artéria e da veia exatamente no ponto onde se comunicam, onde se interrompe esta comunicação com agente embolizante (mola, balão destacável, etc...), reestabelecendo assim a circulação normal da área acometida.